O fim da romantização do consumo: a experiência supera a aquisição?

O fim da romantização
do consumo: a experiência
supera a aquisição?

Por Kellyn Dantas

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26/02/2025 às 12h10

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Por décadas, adquirir bens foi sinônimo de status, recompensa e até felicidade momentânea. No entanto, esse modelo de consumo está sendo questionado. Em um cenário de policrise e mudanças nas prioridades dos consumidores, a WGSN prevê que, até 2026, a romantização do consumo dará lugar a novas formas de satisfação — menos ligadas à posse e mais conectadas às emoções e experiências.

Atualmente, muitos consumidores, especialmente da Geração Z e Millennials, recorrem às compras como forma de escape emocional, prática conhecida como “cultura do mimo”. Pesquisas indicam que 58% da Geração Z e 52% dos Millennials se consideram compradores emocionais. No entanto, essa tendência já mostra sinais de mudança.

De acordo com um estudo da Eventbrite , 78% dos Millennials preferem gastar dinheiro com momentos inesquecíveis do que com bens materiais. Além disso, uma pesquisa da Mastercard revelou que 68% dos brasileiros priorizam experiências a posses físicas. Isso reforça a percepção de que a satisfação vem menos da aquisição de objetos e mais da imersão em ocasiões significativas.

Esse movimento também se reflete na busca crescente por viagens, interações culturais e experiências sinestésicas. O consumidor moderno valoriza ocasiões que estimulam múltiplos sentidos e criam memórias duradouras, como jantares imersivos, festivais sensoriais e retiros que combinam natureza, música e bem-estar. E, apesar de efêmeras, essas vivências se conectam diretamente com a memória, tornando a aquisição mais relevante e potente.

O conceito de Dopamine Era, termo que vem ganhando força, ajuda a explicar essa transformação. A busca por estímulos que ativem a dopamina — neurotransmissor ligado ao prazer e à recompensa — está moldando desde a forma como as pessoas consomem até o design de produtos e espaços, como no Dopamine Décor. O mesmo acontece com o Marketing da Dopamina, estratégia que explora estímulos sensoriais para gerar engajamento imediato e fidelização.

Dentro desse contexto, a valorização de experiências únicas se fortalece, pois momentos marcantes ativam intensamente essa química cerebral, tornando o investimento em vivências ainda mais atrativo.

Não se trata apenas de uma mudança de comportamento, mas de uma transformação na forma como as pessoas enxergam o que realmente traz satisfação. A lógica da posse está ficando para trás.

No futuro, não bastará vender — será preciso fazer sentir.

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